São extremamente preocupantes as manifestações acerca das ondas do consumismo, suas banalidades febris, modismos e afins.
No final do século XIX e começo do século XX, as rodas de choro foram responsáveis pela consistência da nossa cultura, com destaque para os artistas João Pernambuco e Ernesto Nazareth, sendo vitais para a formação da linguagem do gênero. Nos anos 20 e 30, além da Semana de Arte Moderna que foi uma enorme contribuição literária, surgiram outros destaques como Heitor Villa Lobos e Pixinguinha. Já nos anos 30, 40 e 50 a cultura musical continuou agregando valores à história brasileira, aparecendo nomes importantes como Carmem Miranda, Severino Araújo, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Herivelton Martins, Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Noel Rosa, Cartola, Ary Barroso e tantas outras personalidades que preservaram o compromisso com a arte. Em 1958, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, com a canção “Chega de saudade”, interpretada por João Gilberto foi outro marco considerável, revolucionando não só o Brasil, mas fazendo com que nossa arte fosse conhecida e aplaudida em todo o mundo. Era o início da Bossa Nova. Outros artistas continuaram a desempenhar um papel importante para fortalecer nossa cultura: Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, João Donato, Marcos Valle e Johnny Alf, por exemplo. Nos anos 60 e 70, surgiram mais dois movimentos artísticos, o tropicalismo e a jovem guarda, com destaque para Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e outros, além de vários outros nomes que continuam labutando para preservar a riqueza da nossa música, tais como João Bosco, Djavan, Chico Buarque, Ivan Lins, Edu Lobo, Francis Hime, etc. Nos anos 80 o rock nacional também deu sua parcela de contribuição, surgindo bandas como Titãs, Ultraje a rigor, Paralamas do sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana e outros.
Durante todo esse trajeto sempre ouve um processo de “reciclagem” da cultura, uma substituição natural de valores, conforme alguns deixavam de existir outros do mesmo peso ideológico surgiam e continuavam a caminhada artística, mas dos anos 90 pra cá as coisas foram descambando para um abismo que parece nunca chegar ao fim. A cada dia uma nova idiotice e a mídia não para de dar corda a esses movimentos que embrutecem as pessoas com sua “Pérolas”: Lacraia, égua pocotó, descendo na boca da garrafa, quem vai querer a minha periquita, créu e outras ondas estúpidas. Agora tem a nova sensação do momento, a dança do cartão (o bumbum que pisca). Trata-se de uma dança sensual, fruto dos pancadões funkeiros, em que a moça se requebra e literalmente vira a bunda para plateia e começa a contraí-la freneticamente, enquanto um deles apodera-se de um cartão magnético e o passa entre as brechas das nádegas. A galera delira. A mídia aplaude. O “dindin” cai na conta gorda dos artistas, se é que podemos chamá-los assim e o povo respira com dificuldade, apenas com a cabeça de fora do lamaçal. Com mais um pouco de criatividade e essa gente atola de vez.
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