Tudo começou há muitos anos atrás, quando o protagonista desta história ainda nem sonhava em ser consagrado como o grande “Borba”, mas desde cedo já demonstrava sua maestria em termos de inventividade.
Antes de mencionar seus inúmeros momentos criativos, quero transportar-lhe à pacata cidade de Pedro Gomes, Matogrosso do Sul, terra natal do nosso herói, onde se dá o início de toda sua trajetória. Ele morava na zona rural, na fazenda “Picada”, juntamente com os pais e seus três irmãos. A maior parte do tempo mantinha-se ocupado na roça, algo que o impedia de estudar com mais afinco. Também vendia leite para ajudar na renda familiar. Os momentos de lazer eram improvisados na própria lida cotidiana.
A primeira manifestação de criatividade do nosso protagonista foi uma descoberta gloriosa: seu irmão mais novo, o Bororo, quando desafiado a demonstrar sua força e masculinidade viril, fazia todo o serviço do campo, enquanto Borba e seu tio Bozo, desfrutavam da regalia de descanso. Bororo empenhava-se ao máximo a fim de demonstrar que era capaz de realizar todo o serviço sozinho. Bozo, que já vinha pensando numa forma de se livrar desse sofrimento, foi o que mais desfrutou da nova tática. Os desafios tornaram-se frequentes e a dupla mantinha em segredo a artimanha para que o pai de Borba não desconfiasse de nada. Bororo trabalhava como uma máquina incansável, enquanto isso Borba fazia seus planos para o futuro, inclusive pensando numa forma de conquistar a jovem Zana. Já o Bozo, deitava à sombra da mangueira altiva, sonhando em ser parceiro de Zico no futebol. Suas ilusões o levavam até o estádio do Maracanã e só voltava à realidade quando Bororo surgia, zombando da ineficácia dos outros trabalhadores:
- Pronto, cambada, eu não disse que era macho! Borba e Bozo confirmavam que sim e o elogiavam muito, mas quando ele se ausentava, soltavam altas galhofadas, faziam a maior balbúrdia. Bororo estava extremamente exausto, mas não demonstrava, mantinha sua opinião a todo custo. Tinha um gênero forte, era determinado. Com o passar dos tempos, as provocações ao Bororo ficavam mais intensas. Mal chegavam ao roçado e Bozo já incitava:
- Eu duvido que o Bororo agüente carpir tudo sozinho! Pronto, era a gota d’água, ele enfezava, tomava a enxada das mãos de cada um deles e dizia:
- Povo mole, vou mostrar como é que se faz! Borba saía de mansinho, pressionando os lábios para não rir na frente do irmão.
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