Os olhos esfuziantes, ouvidos atentos aos acordes dissonantes, pernas agitadas pelo ritmo torto e envolvente, dedos como baquetas desferindo golpes certeiros em tudo que se vê pela frente e as nuvens roçando os cabelos. Assim sou tomado pela música e levado para muito longe daqui. Para onde vou, não sei, mas sinto que os pés se desprendem do chão. Nesses momentos de delírio musical, muitas imagens também se apoderam desse estado de espírito trazendo recordações ainda frescas na memória: as inúmeras visitas ao Hamurabi (o maior sebo de Campo Grande/MS), garimpando raridades; os primeiros contatos, ainda no tempo das espinhas, com Metheny, Bireli, Jaco, Wes, Ritenour, Toots, Weckl, Miles, Parker, Coltrane e tantos outros consagrados artistas jazzísticos que guarneciam as prateleiras do primo Edson di Carvalho; os shows de Gil, Djavan, João Bosco e Gal, acompanhados pelos talentosos instrumentistas, Armando Marçal, Kiko Freitas, Marcelo Martins, Nelson Faria, Carlos Balla, Ma
abstrações, devaneios, vestígios de som, respingos de arte, fé e vida que vazam pelas frestas da alma