Todo
entanguido, Zé Catinga não podia me ver
que
rotava seu ofício: poetar
o bicho
bulia na criação – lua, nuvem, estrela
tudo o
que é bem longe da riqueza do chão.
Era só
com a cara pra cima
pensando
que ninho de palavras é em riba do céu
-
Malassombro! – abanei a cabeça, assuntando o despropósito.
Era
topar com o besta fera
E ele
já se enfiava num jardim: rosa, roseira, roseiral
Nunca vi
gostar tanto assim de flor!
Mas
poesia nunca esteve ali.
Num
alumbramento mentiroso seguia vazio em sua desorientação.
Pra
poema, só flor de toco tem serventia
pilhéria,
potoca, perfume de pedra
e
assombração escanchada na garupa das histórias inventadas, também.
Pobre
do Zé, vive iludido, sem direção
carrega
uma ruma de papel e letras mortas
sempre
com seu diploma desformado.
Nunca
desinformou a palavra mode deixá-la troncha
só anda
na lei das regras, feito polícia
que de
arte não tem rastro nem cheiro.
Nunca
ouviu a vó Bela empoemar no pé de manga
nem ao
menos viu Agostinho reinventar o idioma
sequer
embrenhou nos matos em noite de lobisomem.
Pra
poeta, tá longe, carece muito de libertação.
Comentários
Postar um comentário