Neste fim de semana (25 e 26 de junho de
2016), a vida me pregou uma lição: a importância da morte para conscientização
da humanidade sobre sua condição de pó.
No auge da existência, aos 32 anos de
idade, um infarto fulminante ceifou a jovem Lenice, deixando quatro filhos
órfãos. O impacto dilacerante da dor, no primeiro momento, é apenas encarado
como crueldade e injustiça, mas há um lado benéfico difícil de ser absorvido,
mas que nestas condições adversas forçam os viventes a caírem do egoísmo
entronizado, cedendo lugar à fragilidade e uniformização de todos. São nesses
momentos de desespero e escuridão que a reflexão acontece como freio para toda
nossa pretensão de onipotência. As lágrimas unem-se, os abraços entre parentes
e amigos são mais cálidos, espontâneos, demostrando o quanto precisamos uns dos
outros e que não há tempo a perder. A saudade também é outra ferramenta usada
pelas mãos do Criador, estímulos para trazer à tona tudo o que era precioso e
agora se foi, mas que guardamos trancafiados no coração como sentimento
necessário, um paradoxo entre sofrimento e lembrança prazerosa. Aos que ainda
não sentiram esse gosto amargo, fica o alerta para se aproveitar o resto de
fôlego que ainda existe.
Enquanto o coral cantava a três vozes: “Jamais se diz adeus ali, jamais se diz adeus; no eterno
lar de amor e paz, jamais se diz adeus...” A lição chegava ao fim quando observei os olhos
vazios e desnorteados de Pedrinho, um dos filhos que acompanhavam o final do
sepultamento da mãe, o qual já carregava a ausência do pai que nunca conhecera.
Os demais, por causa do sol escaldante de Rondônia, começavam a retornar as
suas rotinas, mas ele fez questão de ficar ali, até que a gaveta mortuária
fosse selada. Neste momento, não foi possível conter o choro, mas Deus
abraçou-me e sussurrou nos meus ouvidos:
- Filho, eu nunca abandono ninguém. Já
preparei dois anjos para cuidarem dele, aos quais continuarei dando forças e
condições para realizarem o que os ensinei: serem luz, sal da terra e exalarem
o meu amor.
Senti-me privilegiado por ainda ter meus
pais e tive mais uma prova inquestionável de que Deus e os anjos realmente
existem.
sempre preciso e com uma liturgia cirúrgica nos trazendo a um reflexão sobre a vida...sou teu fã mano, que Deus lhe abençoe sempre....parabéns pelo belo texto...
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